Era uma vez uma linda menina que queria ser gente grande, para poder realizar tudo o que não podia fazer por ser criança. Sua vidinha era cheia de "não pode isso, não pode aquilo; faça isso, faça aquilo". Estava cansada!

Um dia ela começou a imaginar e fantasiar que havia crescido. Brincou de faz-de-conta com tanta veemência que, de repente, como num passe de mágica, ela realmente se transformou em um pessoa adulta.

Sentiu-se muito bem.

Era uma moça linda, bem vestida, montada em um belíssimo cavalo, com o chicote na mão, cavalgando livre pelas campinas, comandando o animal, com os cabelos soltos ao vento, saboreando intensa sensação de liberdade. Estava extasiada!

Prosseguiu cavalgando até que chegou em uma fazenda onde avistou sua mãe e seu pai, com roupas que ela não conhecia, mais modernas, e expressões ligeiramente diferentes, como se estivessem um pouco envelhecidos. Seus cabelos começando a se tingir de uma tonalidade um pouco mais clara, esbranquiçada.

Seu pai lhe disse: "onde você estava? Por onde andou? Já cumpriu suas obrigações? Seu patrão está procurando por você! Lembre-se: hoje é seu dia de..." - e continuou falando, falando, num tom autoritário, cheio de recomendações, broncas, críticas e cobranças.

Ela então pensou: "não vejo vantagem nenhuma em estar aqui. Em ser gente grande! Quero voltar a ser criança e aprender, gradativamente, a lidar com os adultos, com as regras, com as obrigações, com as proibições".

"Quero aprender a conquistar minha própria liberdade e crescer, no tempo certo. Tornar-me uma pessoa adulta, aos poucos, aproveitando cada fase de minha vida da melhor maneira possível, extraindo de cada uma delas o melhor aprendizado."

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